sábado, setembro 23, 2006

Episode 5.15 [ My Best Friend's Wedding ]

Episode 5.15 [ My Best Friend's Wedding ]

ou "Dicotomias sentimentais"

E de repente me senti assim, meio que como eu não estivesse naquele lugar, ou pelo menos não queria, por algum motivo no mundo, estar. Não que eu deva satisfações ou sinta vergonha, mas eu simplesmente não acho que aquela pessoa era eu. Não fui eu o dia inteiro, num dia completamente inesperado. Um casamento bonito e peculiar, convidados, bolo, comida, e uma pessoa que definitivamente está longe do que eu posso ser. E lá, no meio de todo mundo, enfrentando todos os olhares que interpretavam um outro eu. Não que eu me importasse, mas de repente não me senti assim tão forte quanto eu achava que fosse. É, parece que meu teto de vidro, ainda que blindado, é de vidro.
E foi um casamento diferente, com algum barro, presenças inusitadas, músicas e alguns grandes defeitos. Mas espero que possamos nos lembrar apenas dos bons momentos. Um casamento que foi só o início do primeiro dia de primavera.
Não é como se perdêssemos a nossa planta por falta de água, mas é mais como se o pólen se espalhasse e escapasse do nosso campo de visão. E a flor criou asas. No bico do pássaro, vai embelezar outros ambientes e viver novas aventuras em outro ecossistema (na verdade, o mesmo ecossistema, com novas espécies)
Que floresçam os nossos sonhos. E que eu descubra o que realmente está acontecendo na minha cabeça.
(Eu só queria saber o que está se passando na cabeça da famíia cristã).

My best friend's wedding - O casamento do meu melhor amigo: acho que o filme dispensa qualquer tipo de comentário. Ou não? Julia Roberts, Dermott Mulroney, Cameron Diaz, Rupert Everett e Say a little prayer for you. E isso é tudo. Assista.

Soundtrack: Mr. Brightside, by The Killers

domingo, setembro 17, 2006

Episode 5.14 [ Addicted to Love ]

Episode 5.14 [ Addicted to Love ]

E de repente tudo entra numa estase absoluta. Apesar das mudanças e do dinamismo do mundo, na minha vida tudo permanece quieto. Ainda não sei se isso é bom ou ruim. Bem, minha irmã está a uma semana do casamento, um monte de eventos movimentam toda a população das cidades em que vivo, está tudo acontecendo na faculdade (inclusive a possível retirada do meu curso da grade) e eu aqui parado. Eu decidi olhar pelo lado bom. Eu estou escrevendo, tendo mais idéias do que nunca. Terminei de escrever a primeira temporada de Daydream, estou cheio de planos para produzir um curta nas próximas semanas, o meu seriado bobinho preferido vai estrear da primeira temporada na tv aberta, tenho uma lista animadora de filmes para assistir ainda esse mes. Por que será que não parece que eu estou feliz? Eita...

"Amor Inventado"
Garota 1 espera ônibus sozinha.
Garota 2 chega no ponto, está chorando.
Garota 1 observa e fica com pena.
Garota 2 pega o primeiro ônibus e sai.
Garota 1 percebe que ele esqueceu o celular.
Garota 1 leva o celular embora.
Garoto liga para o celular. Garota 1 atende.
Garoto pensa estar falando com Garota 2 e se declara.
Garota 1 fica tocada pela declaração.
Garota 1 fica cada vez mais apaixonada por Garoto, que nem conhece Garota 1.
Garota 1 lê as mensagens de amor de Garoto para Garota 2.
Garota 1 sonha acordada com Garoto, porque nunca teve um garoto só pra ela.
Garoto liga de novo para Garota 2.
Garota 1 atende e marca encontro.
Garota 1 se arruma para Garoto.
Garoto nem percebe Garota 1, porque espera por Garota 2.
Garota 1 vai embora, decepcionada.
Garota 1 esbarra em Garoto.
Garoto nem liga.
Garota 1 tenta esquecer Garoto, afinal é um amor inventado, só dela.
Garota 1 esquece.
Garota 1 reencontra Garota 2, que nem se lembra de Garota 1.
Garota 1 devolve o celular sem que Garota 2 perceba.
Garota 1 fica triste.
Garota 2 reencontra Garoto.
Garota 1 fica feliz.

Addicted to love - Lente do amor: mais uma comédia romântica da produtiva safra de comédias românticas 80/90, com Meg Ryan e Matthew Broderick, sobre duas pessoas que descobrem que seus respectivos pares estão tendo um caso. A cumplicidade e o compartilhamento da dor os leva a um óbvio, previsível e muito bonito romance.

Soundtrack: Decembers, by Hawthorne Heights

sábado, setembro 09, 2006

Episode 5.13 [ High Fidelity ]

Episode 5.13 [ High Fidelity ]

ou “Tentativa de recuperar pela memória o texto que eu escrevi antes de o computador travar”

Eu sempre fui assumidamente fissurado por listas. Sempre ordenei tudo ao meu redor. Top 5, top 10, top 50, top 100 de músicas, álbuns, bandas, cantors, filmes, pôsteres de filmes, novellas, livros… tudo o que eu via pela frente. Foi quando eu fiz um top 10 de melhores filmes de 1986 que eu percebi que aquilo estava indo longe demais (talvez eu desenvolvesse outros sintomas de TOC). Deixei um pouco os tops e percebi que era inútil decorar listas e saber de cor a ordem de créditos da abertura da novela das sete. O tempo passou e assisti Alta Fidelidade. E vi que não há nada de mal com as listas. Elas são coisas legais que fazem a gente ser feliz. E a gente quer ser feliz, não é?
Eu tentei fazer uma top 100 de meus filmes favoritos e vi que é algo impossível. O resultado foi uma lista desordenada de 200 filmes e mais alguns que tive dó de tirar. Mas ainda consigo… talvez se eu ver mais filmes realmente bons que me esclareçam a mente.

Inspirado em Alta Fidelidade e no blog do Nuno, um amigo da faculdade, eu pensei em fazer meu top 5. O tema? Pessoas essenciais no século XXI. Enlouqueci por meia hora pensando nas personalidades do mundo até não chegar a lugar nenhum. Talvez fosse mais fácil colocar aqui as personalidades do showbiz mais essenciais. Isso reduziria muito as possibilidades. Ou não. ficou ainda mais difícil (apesar de Madonna, Bono Vox e Angelina Jolie estarem presentes na maioria das combinações). Então tentei um tema fácil: 5 melhores cenas do cinema com músicas perfeitas para essas cenas. Como eu tinha certeza de que mais de 200 me viriam à mente, decidi incluir as primeiras 5 em que eu pudesse pensar. Fiquei até satisfeito com o resultado e talvez, se eu tivesse refletido mais, chegasse a uma lista bem parecida com essa. Vamos a ela, afinal. (Pule os comentários para uma leitura mais rápida, se quiser)

5 – Filme: “Dirty Dancin’ – Ritmo Quente” / Música “(I’ve had) The time of my life, de Jennifer Warnes e Bill Medley
É inegável a sensação semiorgásmica que eu tenho quando vejo aquela cena da coreografia final na festa de fim de temporada da pousada Kellerman’s. É uma retrospectiva perfeita das histórias dos personagens da Jennifer Grey e do Patrick Swayze, que passaram por muita coisa (ta bom, são historinhas clichês e bobinhas, mas ai de quem negar o título de clássico de Dirty Dancin’) até chegar àquele momento final, da última dança. Ainda lembro do arrepio que tive e que tenho toda vez que assisto a cena. Principalmente quando o Patrick comanda uma coreografia com os figurantes e convida Baby com o dedo para realizarem o passo final, que nunca haviam conseguido antes. E ela voa sobre ele… e isso é bem no refrão final da música, quando os intérpretes soltam a voz e nos fazem ver estrelas.

4 – Filme: “Efeito Borboleta” / Música: “Stop cryin’ your heart out”, de Oasis
Quem não gostou pelo menos um pouquinho desse thriller? Quem não se surpreendeu? Tudo bem, é um filme com um grande apelo comercial (aturamos Ashton Kutcher até o final), com uma história inverossímil e que usa de truques banais para sensibilizar o telespectador. O problema é que deu certo. Pelo menos comigo. Que me atirem pedras os eruditos, mas Efeito Borboleta é um filme excelente. E é ainda melhor pelo seu final, bem fora dos padrões. A última cena, em que os personagens de Ashton Kucther e Amy Smart caminham em direções opostas ao som do revival de Oasis é antológica.

3 – Filme: “Quase Famosos” / Música: “Tiny Dancer”, de Elton John
Já virou moda babar o ovo de Cameron Crowe. Mais moda ainda é considerar Quase Famosos um cult. Mas não é que o filme é dos melhores mesmo? Roteiro esperto, cheio de cenas hilárias (“I’m 18…” “Me too…”) e sensíveis, a autobiografia de Cameron Crowe faz qualquer pagodeiro se apaixonar por rock dos anos 70. A cena perfeita acontece quando o personagem William (Patrick Fugit em um momento único de sua vida) está pronto pra abandonar a banda Stillwater. O ônibus está fazendo o caminho de volta e todos os personagens estão cheios um do outro. Aí o Elton John começa a cantar e os personagens se lembram do por quê de estarem juntos ali: a paixão pela música. Os roqueiros, as groupies, o intruso jornalista… Tudo se encaixa perfeitamente bem nesse momento.

2 – Filme: “Closer – Perto Demais” / Música: “The blower’s daughter”, de Damien Rice
Sem muitas palavras sobre o filmes. A primeira vez que eu vi alguém roubando a cena de Julia Roberts. A cena e o marido. Momento perfeito do cinema. Duas horas sustentadas nas costas por quatro atores excelentes. E a cena, comentada inclusive no blog do Nuno, é a primeira. Srta. Natalie Portman vinda de lugar nenhum, aparentemente mais uma no meio da multidão, quando é notada por sr. Jude Law. E é o ponto de partida para uma história de encontros e desencontros. Ao som da música que surgiu, se tornou clássico, se tornou insuportável pela repetição, se tornou brega, mas ainda sim é lindíssima. Será que alguém consegue tirar Natalie Portman da mente?

1 – Filme: “Conta Comigo / Música: “Stand by me”
O filme ainda não superou o livro de Stephen King, apesar de ser um clássico dos anos 80 que não merece o posto de “Sessão da Tarde” que lhe é conferido. Esse filme deveria figurar em qualquer lista de filmes que alguém possa fazer porque é uma história tão sensível e tão bonita sobre um rito de passagem. E a música é tocada durante o maior rito de passagem do filme: quando os quatro personagens principais percebem que dali pra frente, não serão mais crianças. Voltaram ao mundo real, é hora de crescer. Talvez isso signifique que eles irão se separar e tornar-se estranhos na escola, mas aquela aventura e a infância que compartilharam estará sempre com eles. E tudo ficará bem. Nessa hora, impossível não chorar.

Espero que o Top 5 tenha agradado. Ou pelo menos lido.

Ps: enquanto escrevia o post, me lembrei da melhor cena de V de Vingança, quando Tchaikovisky está no seu auge.

Soundtrack: The blower’s daughter, by Damien Rice

quinta-feira, setembro 07, 2006

Episode 5.12 [ Home Alone ]

Episode 5.12 [ Home Alone ]

ou "Pra onde a mente vai quando se está sozinho"

Quando estamos sozinhos em casa é que conseguimos finalmente chegar mais perto de nós mesmos. E isso significa bem mais do que decorar o que a imagem no espelho quer dizer. Sozinhos, não há de quem esconder nossos defeitos. Então eles vêm à tona e você nem pode pensar em negar. Você não pode mentir pra você mesmo e qualquer máscara cai. Só sozinho é que se pode fazer seus próprios planos, sonhar e amar.
Ficar sozinho nesse apartamento em BH não é tão fácil, porque não há com o que se distrair. Me obrigo o tempo todo a me enfrentar e perco todas as lutas. Mas quem disse que eu não posso ser o que eu quero ser?
Aqui sozinho, depois dessa mostra de Cinema, eu penso que até gostei daquele road movie que me pareceu inicialmente um clichê gigante. Acho que tenho uma queda por ritos de passagens. Passei tantas horas sentado olhando para aquela telona imaginando se aquelas pessoas realmente passaram pelas mesmas coisas que eu. Tantos dilemas, tantas questões e nenhuma disposição pra responder (desconfio que essa preguiça ainda vai me prejudicar um bocado).
Será que aqueles tipos na tela são capazes de sonhar? O que a garota muçulmana do filme francês pensa enquanto dorme? O que o jovem louco por diversão do filme espanhol que ser na vida? O que afinal aconteceu com o casal do filme de Taiwan? "Que bobagem! Os personagens não existem além da cabeça do roteirista!"
Discordo plenamente. Eu sou um personagem e existo.

Cansei de tentar ser cult ou entender o que é ser cult. Cansei de ser qualquer coisa que alguém tenha um nome para definir. Porque todo cult é um pseudo e todo rótulo é limitado e burro. Só aceito um rótulo: o de sonhador.

(acho que tenho uma pedra no rim direito. ou talvez seja mais uma alucinação do tédio... como esse post ignorável)

Home Alone - Esqueceram de mim: Esse filme com o Macaulay Culkin despensa qualquer apresentação. Todo mundo vivo já viu esse aí ou já ouviu falar, principalmente naquela programação de fim de ano da globo. Bem, é isso. Catherine O'Hara, Joe Pesci e mais um bocado de gente engraçada.

Soundtrack: Thank you for loving me, by Bon Jovi

*escrito na semana passada