segunda-feira, abril 23, 2007

6.06 - The Lonely Guy

[ The Lonely Guy ]

Nem me pergunte por que, mas acabou de me bater uma tristeza. Aí, como já to sentado aqui mesmo, esperando dar a hora de ir para o trabalho, aproveito e escrevo. Esse espaço em branco onde a gente escreve a postagem é o espaço em branco mais compreensível da face da terra
To com uma tristeza esquisita, uma vontade louca de só ficar quieto e deixar a lágrima sair, se ela quiser. Uma tristeza daquelas que nem a mãe da gente entende, muito menos a gente mesmo.
Semana passada eu senti pela primeira vez que tá na hora de crescer. Eu já aprendi a pagar minhas contas, a ir no banco, a fazer minha própria matrícula na faculdade e até minhas próprias contas, mas faltava aprender a cuidar de mim mesmo quando eu ficar doente. E talvez por vergonha disso eu não liguei pra minha mãe e fiquei sofrendo aquilo sozinho mesmo, porque nem remédio eu tinha em casa. Será que é isso que o pessoal por aí reclama quando cantam a solidão?

Mas ainda não sei se essa tristeza é por causa disso. Eu estou conseguindo evoluir lá na TV, finalmente! Eu deveria estar pulando!
E ontem ela me ligou e a gente só não conversou mais porque a minha timidez não permitiu que eu ignorasse que minha família toda estava logo atrás da porta e podia ouvir o que eu ia falar - e com certeza era bobagem. Era pra eu estar morrendo de alegria. E estava. Mas agora estou triste.

Será que se ela soubesse que às vezes eu tenho essas crises de tristeza ela ainda teria me ligado ontem? Será que se ela conhecesse meus defeitos seria a mesma coisa?

E ela nem sabe que só um comentariozinho dela à toa me fez dar um valor imenso pra minha família e ver que eles são bem mais importantes pra mim do que eu pensei e que nos últimos 18 (quase dezenove, meu jesus...) anos eu vivi sem perceber isso.

Eu acho que eu preciso dar uma consultada no espelho e dar um jeito nessa minha vida. Talvez essa tristeza seja um sinal pra me avisar que eu estou vivendo uma vida normal. E eu não nasci pra ser (só) normal.

Dica de locadora: The lonely Guy (O rapaz solitário) - Após flagrar sua namorada com outro homem, um escritor decide fazer um livro falando sobre como é ser solitário. Dirigido por Arthur Hiller (Love Story) e com Steve Martin e Charles Grodin no elenco.
Citação: "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas" (Saint-Exupery)
Trilha Sonora: I've been waitin', by Sixpence none the richer

sexta-feira, abril 06, 2007

6.05 - A Walk To Remember

[ A Walk To Remember ]

E aí naquele dia eu cheguei mais tarde do serviço pra encontrar uma casa vazia. Era o meu dia de
faxina. Eu poderia simplesmente ignorar as tarefas, já que ninguém mais ia voltar para o apartamento até na próxima segunda. Mas eu limpei tudo, me dediquei completamente. E intensamente. No final da noite, me preparando para ir para o banho antes de dormir eu abri um pouco a janela. O vento estava frio e eu pude senti-lo ainda mais forte inclinando a cabeça para fora. Da minha janela dá pra ver uma das avenidas mais movimentadas de Belo Horizonte (mesmo depois da meia noite), e também outros prédios, e a distância que uma vista do alto do sétimo andar pode alcançar. Mas naquele momento tudo o que importava era o vento. Já fazia muito tempo que o vento não balançava daquele jeito o meu cabelo. Aí a música que ficou na minha cabeça o dia inteiro tocou no rádio, de repente.E talvez eu tenha tido o meu melhor sono desde que me mudei para Belo Horizonte.Talvez eu tenha sonhado, mas não consegui me lembrar de nada.
No dia seguinte eu pensei demais, encarei o espelho e comecei a perceber a minha realidade. Eu vi uma pessoa no meio de um processo intenso, com tanta coisa na cabeça ao mesmo tempo que é estranho que ainda consiga tempo para os sentimentos. Mas mesmo assim os sentimentos ainda ocupam quase completamente a minha vida no momento. Conversei com o Marcus por algum tempo, o suficiente para repensar o que eu tenho feito e como eu tenho agido. Talvez seja hora de não me apegar demais. Talvez tenha chegado o momento de eu provar que eu cresci, pelo menos nesse âmbito.
O que será que ela pensa sobre isso tudo? É uma coisa que eu não vou conseguir saber. Talvez eu me afaste dela, ou talvez mude de idéia daqui dez segundos. Mas o certo é que alguma coisa aconteceu. Alguma coisa naquele vento me fez mudar e perceber que tudo o que eu preciso é um pouco de paciência. Não se trata de desistir, mas de mudar a estratégia. Talvez eu seja mesmo forçado, talvez eu acredite no exagero, talvez eu tenha mesmo passado do ponto enviando tantos sinais, talvez isso só compense a minha fraqueza, talvez sejam só palavras ao vento, talvez nenhuma daquelas mensagens seja real. Talvez eu soe falso demais, talvez eu seja imaturo, talvez não saiba nunca o que dizer. Talvez eu nunca aprenda e talvez nem exista alguém certo pra mim.

Mas talvez, vai vendo, assim... quem sabe... por um momento... talvez... seja ELA.

E o filme me emocionou mais do que eu estava preparado. Nada de tão especial, na verdade até bem comum... mas eu acho que é exatamente o que eu faria...

Dica de locadora: A walk to remember (Um amor para recordar) - Mandy Moore e Shane West em um dos maiores clichês da história do cinema, e talvez uma das histórias de amor mais bonitas. Para quem não sabe, foi essa história que inspirou a fase 2004 da Malhação. Ela é a filha do reverendo e ele é o malandro da cidade. Inadvertidamente, uma série de acontecimento os leva ao amor.
Citação: "todas as canções irão dizer: goodbye, so long, my love..." (É tarde, Skank)
Trilha Sonora: To be only yours, by Mandy Moore

terça-feira, abril 03, 2007

6.04 - A Lot Like Love

[ A Lot Like Love ]

Ele acorda todos os dias às 6:30 da manhã e cada segundo que passa antes que eles troquem a primeira palavra no meio do dia é tempo perdido (e perde tempo demais). Ela passa dias fingindo ignorar que ele existe.
Ele acha que talvez ela seja misteriosa demais. Ela acha que ele pergunta demais.
Ela gosta de Led Zeppelin e ele acha fantástico. Ele gosta de Madonna e ela acha que ele pode ser gay.
Ele acha que não é interessante o bastante. Ela sabe que não.
Ele ama o filme do Johnny Cash. Ela já viu 3 vezes.
Ele sonha em voar para a Nova Zelândia e ela só lhe dá asas.
Ele chegou a quase desistir de sonhos, mas aí ela apareceu.
Ele fala demais. Ela não lhe manda calar a boca (e por isso ele gosta tanto dela).
Ele não sabia muito bem o que estava acontecendo dentro dele, e ela nem imagina que é a resposta.
Ele ignora o que ela pensa. Ela finge ignorar o que sabe dele.
Ele sempre esperou encontrar alguém como ela. Ela tinha certeza que nunca ia encontrar alguém que gostasse de Bob Dylan na cidade.
Ele não gosta nada do que o espelho lhe diz. Ela só tem boas notícias do espelho.
Ele se acha pouco, mas quer melhorar. Ela é muito.
Ele está crescendo. Ela é do tamanho de uma estrela brilhando.
Ele só sabe aprender com o erro. Ela nunca erra.
Ele é triste e solitário. Ela é um grande sorriso.
Ele pensa sempre em desistir. Ela é uma tentativa.
Ele talvez não seja nada que pensa que é. Ela é tudo o que ele precisa.

Dica de locadora: A lot like love (De repente é amor) - Oliver (Ashton Kutcher) e Emily (Amanda Peet) se conhecem em um vôo que cruza os Estados Unidos. Ele é um recém-formado que procura seguir um cronograma rígido para sua vida, de forma que consiga alcançar o sucesso profissional o mais rapidamente possível e também encontrar o amor de sua vida. Já ela é espontânea e indisciplinada, do tipo que prefere ver aonde a vida leva ao invés de fazer planos para o futuro. Oliver e Emily imediatamente sentem atração um pelo outro, mas as características de ambos são incompatíveis. Durante os 7 anos seguintes eles se encontram periodicamente, mas tudo parece conspirar para que eles sempre estejam separados.
Citação: "They say opposites attract. She is really something and I am nothing. How much opposite can we get?" (Charlie Brown, Peanuts, by Schulz)
Trilha Sonora: Just Feel Better, by Aerosmith