quinta-feira, maio 24, 2007

Música do dia...

[ Cannonball - Damien Rice ]

Still a little bit of your taste in my mouth
Still a little bit of you laced with my doubt
Still a little hard to say what's going on
Still a little bit of your ghost your witness
Still a little BIT of your face I haven't kissed
You step a little closer EACH DAY
Still I can't SAY what's going on

Stones taught me to fly
Love taught me to lie
Life taught me to die
So it's not hard to fall
When you float like a cannonball

Still a little bit of your song in my ear
Still a little bit of your words I long to hear
You step a little closer TO ME
So close that I can't see what's going on

Stones taught me to fly
Love taught me to lie
Life taught me to die
So it's not hard to fall
When you float like a cannon

Stones taught me to fly
Love taught me to cry
So come on courage!
Teach me to be shy
'Cause it's not hard to fall
And I don't WANNA scare her
It's not hard to fall
And I don't wanna lose
It's not hard to grow
When you know that you just don't know

domingo, maio 20, 2007

6.08 - Mulholland Drive

[ Mulholland Drive ]

É como se eu não estivesse estado aqui por uns dias. É como se eu tivesse imaginando tudo desde aquela aula de Linguagens, Tecnologias e Produção de TV e Vídeo (provavelmente me perdi voando enquanto falava o nome da disciplina). É como se eu tivesse ficado lá perdido ouvindo as Bachianas nº4 olhando para o telão onde o Glauber se expressava. Porque foi a primeira vez que eu senti ao mesmo tempo Villa Lobos, Bach, Yo-yo Ma e Glauber Rocha.

É como se fosse fácil imaginar Hannah Arendt como uma pessoa normal, que acorda com preguiça de ir pro trabalho, às vezes. É como se fosse realmente comum uma relação entre Sartre e Simone de Beauvoir. É como se a lágrima que caiu durante a música que tocou no Goodtimes representasse todo o drama que eu já digeri na vida, de Shakespeare a Manoel Carlos. Porque ainda consigo sentir a emoção do letrista pouco inspirado e dos sintetizadores de duas décadas atrás.

É como se eu estivesse dormindo, naqueles dias que a gente não se lembra do sonho quando acorda. É como se eu não soubesse mais a diferença entre Einstein e Eisenstein. Porque cada cena do filme do David Lynch me fazia pensar que ainda há muito o que saber o vão entre o céu e a terra. E nem toda filosofia é assim tão vã. Vamos.

É como se o show tivesse sido um intervalo entre os blocos dessa obra dramatúrgica. É como se a banda que tocou "Sweet Child O'Mine" e "Se ela dança, eu danço" no mesmo palco fosse só uma coisa que eu imaginei.

E qual é o verdadeiro significado disso tudo hem?

Gente do céu, esse trem tem cada vez menos sentido. A culpa é sua? Não, não. Minha e de meus dezenove anos mal(?)vividos.

Dica de locadora: Mulholland Drive (Cidade dos Sonhos) - Esqueçam qualquer sinopse que encontrarem por aí na internet que tenha menos de 1000 palavras. Adoro filmes difíceis de terem um "sobre" na descrição. Cidade dos Sonhos tem Naomi Watts dirigida por David Lynch, numa história no mínimo curiosa.
Citação: ok, sem frases hoje.
Trilha Sonora: Against All Odds, by Phill Collins

sábado, maio 05, 2007

6.07 - Sense and Sensibility

[ Sense and Sensibility ]
ou "não espere que faça sentido, por favor"

Aquele "19" ali do lado do meu nome me assusta. Não me sinto 19. Nunca quis ter 19, nem pensava no que significaria o 19 pra mim. Agora talvez eu tenha percebido que o 19 é resultado de um processo que começou ainda pelos meados do 18. Olha quanta coisa aconteceu nesses últimos 4 meses. Hoje eu sou apresentador de um programa de TV.

Hoje eu sou tanta coisa (e a minha lista de "coisas a se fazer aos 18 anos" só deve ter uns dois itens riscados).

Acho que tudo isso faz parte do caminho que todos nós passamos, de Eduardo a Mônica. Até ontem eu tava no esquema escola, cinema, clube, televisão (substituindo o clube pela internet, que estaria nessa lista se o Renato Russo tivesse chegado a ver o fenômeno que é o Orkut e o MSN). E hoje eu gosto de Bandeira, de Bauhaus, Van Gogh, Mutantes, Caetano e Rimbaud. Ou tudo isso aí ao mesmo tempo. Ou nada disso aí em tempo nenhum. Ou fora do tempo, sei lá.

Definir-se é missão difícil, já que todo ser humano não passa de um bocado de momentos. Definir-se é limitar-se. Definir-se é não se permitir cometer contradições e "clicherizar". Quem aí não "clicheriza", hem? Definir-se é colocar pontos finais e pôr vírgulas entre sujeito e predicado.

19 anos e eu ainda sou o mesmo (será?). Cada dia que eu vejo um filme novo eu sinto que é o que eu quero fazer pro resto da vida. Quando o filme é bom, me instiga à genialidade. Quando o filme é ruim, eu penso que faria melhor. Meu sonho ainda é esse, apessar disso ser só sonho. Ainda gosto demais (e ainda mais) de música velha. Alguém falou que "o homem que não sabe o que aconteceu antes dele nascer será pra sempre uma criança". Ainda gosto de história e de filosofia. Ainda gosto de cantar alto, com um playback no meu fone de ouvido. Ainda quero ler tantos livros... tantos... Ainda quero devorar tanta arte até que eu tenha em mim tantos quantos foram os séculos iluminados.
(Ouvir música ainda me faz chorar, mais do que qualquer outra coisa no planeta.)

Falta tanto ainda. Falta carteira de motorista, falta o carro pra dirigir, falta o dinheiro pra pagar o filme alugado, falta coragem pra ir lá e dizer o que deve ser dito, falta um "você" pra completar o "nós". Falta sentido, hem.

Me recuso a ser definido. E ainda menos definitivo. Quero só ter o prazer de mudar o meu jeito de pensar e de continuar sendo contraditório. Quero só falar inglês quando me der vontade e quando me faltar erudição pra conhecer palavras no português que me satisfaçam. Quero ter 19 personalidades, passar 19 dias num navio e 19 noites na prisão.

Quero ainda encontrar um sentido para a vida antes que o texto acabe. E, por Deus do céu, encontrar um sentido pra esse texto antes que a vida acabe.

Acho que eu tenho 19 anos agora. Me dá mais 19 anos pra me acostumar, ok?

Hoje à noite eu só vou comer meu jantar, tentar cantar no tom e assistir um Kubrick. Amanhã eu penso nos 19.



Dica de locadora: Sense and Sensibility (Razão e Sensibilidade) - O romance de Jane Austen adaptado para o cinema traz Emma Thompson e Kate Winslet como duas adoráveis e diferentes irmãs e a sociedade inglesa do século 18. Primeiro a gente pensa que cada uma delas é um termo do título. Mas aí vemos que as duas são razão e sensibilidade, ao mesmo tempo. Só vendo...
Citação: "A vida que eu levo, nego pensa que é fácil" (Kelly Key)
Trilha Sonora: Mr. Brightside, by The Killers