sexta-feira, julho 06, 2007

6.10 - The Family Stone

[ The Family Stone ]

Aí de repente eu entro de férias. Não do trabalho, mas das aulas. E aí eu tenho que escolher que matérias eu vou estudar no semestre que vem. Escolho, ajeito, planejo. Ainda tem que ter horário pra ir pra TV. E aí eu tenho que correr pra pagar a conta e imagino que ainda tem outra vencida pra pagar. Tenho que ir ao banco.
E amanhã é dia de lavar a roupa. E no domingo de ir na apresentação de balé. E também reunir com a comissão pra decidir os planos futuros da formatura. E daqui duas semanas é ir a trabalho pra Diamantina e ficar com três programas nas costas.

Vida de adulto?

Aí eu chego em casa e tudo o que eu quero assistir é o episódio novo do The OC. E quando eu for pra Sete Lagoas vou continuar escrevendo minhas historinhas.

Vida de criança?

Depois de viver esse tempo todo sozinho, parece que estou ainda mais sozinho do que nunca. Mas não no sentido negativo, de solitário, porque apesar de tudo, apesar de ter demorado um pouco, eu sei que tem gente que fica preocupado comigo, mesmo 700 quilômetros longe. Eu sei que tem gente que pensa se eu estou comendo direito, tem gente que liga pra mim só pra falar que tá tocando a música que eu gosto de madrugada, tem gente que me manda comprar roupa nova depois de ver no programa que eu apresentei com roupa velha...

O maior significado de crescer pra mim, agora, tem sido perceber coisas que eu demorei demais pra ver. Descobri tarde demais que minha casa é o melhor lugar do mundo. Mas não antes de dizer coisas pra pessoas que não mereciam ouvi-las. As coisas? eu já esqueci. Elas não.

Estar em casa, ao lado do pai, da mãe, dos irmãos, é sim a melhor coisa do mundo. E eu não consigo pensar em outras pessoas mais importantes.

A gente é só um conjunto de momentos, sabe? Um conjunto de coisas e lembranças. É isso a base pros nossos atos. Então, acho que eu devo tudo à minha família. Ao meu pai... se hoje o Cinema é importante na minha vida, se hoje trabalhar com isso é o maior sonho, a maior vontade e o maior desejo, é tudo por causa dele. Tudo porque ele me levava na locadora todo sábado e me deixava alugar todos os films que eu quisesse, até esgotar toda a prateleira. É, eu acho que ele nem sabe disso mesmo porque eu nunca disse. A minha mãe que sempre está preocupada com 2000 coisas ao mesmo tempo... obrigado por eu ser uma delas. Tem coisas, mãe, que aos 17 anos a gente não sabe direito ainda. Viver longe de casa não é melhor, só necessário. Eu queria ser criança pra sempre sim, só pra não ter que saber onde está a minha toalha e você me dizer.
E tem a Jane, que mesmo passando as dificuldades da vida ainda é a minha companhia preferida pra ir no shopping, mesmo que for sem dinheiro, só pra ver a vitrine. Ou então pra lembrar quando toca aquela música do Rick Astley que ninguém mais da minha idade conhece. E pra me ligar só pra saber se estou bem e pra cuidar de mim, sendo minha segunda mãe na maior parte do tempo. Tem a Michele... ainda não descobri outra pessoa melhor com quem eu possa assistir um filme só pra discutir no final. E pra discutir filosofia e coisas sérias da vida. E o Jonatas que me salva quando eu preciso de dinheiro e que foi o meu companheiro de quarto por muito tempo e que só agora tá conseguindo um jeito de demonstrar todo o sentimento que guardou numa caixinha por 20 anos.
E tem o resto da minha família, tem o Dinho, a Márcia, o Gugu que me ensinou muita coisa que eu também só fui descobri depois, e ele só tinha uns 4 ou 5 anos na época, tem o Jeferson que é a criança mais doce que eu já vi na vida inteira e que tem o cabelo mais invejável da família. Tem o tiCarmelo que levava a gente pro Cipó e que me fez gostar de "Simon and Garfunkel", tem o Luan e o Léo, que nem sabe que empurrar ele no balanço às vezes é a melhor parte do meu dia.
E tem o Filipe e a amizade incondicional que passa por cima de tudo, sempre, sempre. Tem o Du que é com quem eu pulo e canto naquele show, como se fosse a melhor coisa do mundo. Tem o Rodrigo e nossos filmes de noite, nosso código secreto. Ninguém me entende mais do que ele. Tem o Pedro... Tem a Nathália e o Marcus, que me fazem acreditar que talvez o amor dê certo mas que sempre tem o "se...". Tem o Júnior, exemplo de persistência e competência no trabalho, e o Diogo, que mesmo estando muito, muito, muito longe provam que uma pessoa e o seu sonho não têm fronteiras.
Tem a Amanda, o Gustavo, a Padô, a Nath, o Horeya, a Lo, o Michel, a Priscila... todo mundo tão longe nesse momento, mas que estarão lá no porta-retratos da minha estante pra sempre. Tem a Clá, a Luizinha, a Bel, a Mari, a Deds, a Lolis, a Brunita, a Quel, o Pedro, o Victor, o Terê, o Nuno, a Lygia, a Tetê, o Bruno, a Jenifer, a Gibson, a Carolzinha, a Paulinha, a Sula, o Filipe, a Marina, o Leandro, a Rê, a Drica, a Carol (tão always), a Yayá... todo mundo nesse mesmo curso que vai levar a gente pra algum oceano distante.

Tem a Helena... tem a Ariane...
E tem o povo da TV, que entrou por último na minha vida, mas é quem eu mais tenho visto ultimamente. A Kel Sodré, a Aline, a Lu Antunes, a Lu Carvalho, o Fábio, o Rafa, o Ismael, o Gabriel, a Gidália, a Bia, o Átila, o povo da técnica, os chefes...

É possível ser sozinho desse jeito, é?

Se eu sou criança ou adulto não sei não. Mas pra que descobrir, né? Tá tudo legal do jeito que tá.

Dica de locadora: The family stone (Tudo em família) - Sarah Jessica Parker tenta desesperadamente entrar pra família de seu futuro marido, mas não consegue agrada-los de maneira alguma. Quando o natal se aproxima, ela fica sozinha em território inimigo e convida sua irmã para apoiá-la. Mas nem desconfia que essa família também passa por grandes e difíceis problemas.
Citação: "in my life, i love them more" (In My Life, The Beatles)
Trilha Sonora: All I have to do is dream, by Everly Brothers

Daydream - parte III

Tudo o que Nick menos queria era ser comparado ao irmão. Mas era inevitável. Os dois anos que separaram seus nascimentos não impediram de terem exatamente o mesmo gosto. Nick queria fugir disso, mas não cosneguia evitar. Aquela música que estava tocando agora no rádio ainda era a sua preferida, como havia sido de seu irmão. "All I have to do is dream... dream, dream, dream...", ele cantava baixinho enquanto imaginava o que Oliver faria, como agiria, agora que estava no colegial.

When I want you in my arms
When I want you and all your charms
Whenever I want you
All I have to do is dream
Dream dream dream
When I feel blue in the night

And I need you to hold me tight
Whenever I want youA
ll I have to do is dream
I can make you mineT

aste your lips of wine
Any time, night or day
Only trouble is, gee whiz
I'm dreaming my life away
I need you so that I could die

I love you so and that is why
Whenever I want you
All I have to do is dream
I can make you mine

Taste your lips of wine
Any time night or day
Only trouble is, gee whiz
I'm dreaming my life away
I need you so that I could die

I love you so and that is why
Whenever I want you
All I have to do is dream
Dream dream dream
Dream
Dream dream dream
Dream