terça-feira, janeiro 15, 2008

6.15 - Message in a Bottle

a propósito, já foi tarde, 2007. 2008, trate de acontecer.

[ Message in a bottle ]

Tá acontecendo de novo.

A insônia, entre outras coisas.

Já tem muito tempo que não consigo mais olhar pra uma pessoa e imaginar como será o nosso futuro, assim, sem qualquer outra preocupação. Já tem tempos que não sonho, que não tremo, que não suspiro, como daquelas poucas (contadas) vezes em que eu me permiti.Eu preciso de um amigo. Não melhor ou mais próximo do que os que eu já tenho. Só diferente. Acho que vou ter que me contentar com a minha própria companhia. Por semanas e semanas sozinho no apartamento eu já me acostumei a interpretar os gestos das sombras e completar as frases que eu mesmo começo. E ainda não consigo dormir à noite.

Ela apareceu. Já estava lá, na verdade, mas só agora pude percebê-la melhor. Será que esse interesse repentino é apenas um desejo inconsciente de suprir a necessidade de gostar de alguém? Pra falar a verdade, não sei muito sobre ela. Nem sei se gosta de Ana Carolina ou prefere Billie Holiday. Nem sei se tem todas as qualidades que um dia eu enumerei, tentando colocar em listas e números meus amores em potencial. Provavelmente é só mais uma nuvem passando no céu. Talvez nem chova. Mas eu queria tanto, tanto, que pudesse ser dessa vez... Eu queria tanto gostar de novo.

Eu preciso é me apaixonar, sabe? De um jeito forte, que supere até mesmo aquela vez, em que a vida era um seriado americano.

Na faculdade, as coisas são estranhas. As pessoas não conversam mais sobre coisas profundas. Há tantos problemas na superfície que quase não se permite mergulhar nas profundezas das viagens de madrugada, das conversas sinceras, das coisas que deixam a gente chorando (de tristeza, alegria, ou só de viver mesmo). As pessoas não se apaixonam mais. As pessoas só querem é aproveitar enquanto ainda há garrafas cheias na mesa. E é o que eu devia fazer, né? Mas não dá mesmo. Eu não sou assim.

Na época do colégio, cada dia era uma paixão, um amor maior, intenso, com trilha sonora e sinos tocando. E era fácil, simples, apesar de eu ter pensado na época que tudo era complicado. Agora, a conversa é sobre o trabalho, sobre a prova, sobre a matéria. Nunca sobre o céu, sobre a emoção. Acho que as pessoas pensam que estão velhas demais pra se apaixonarem como crianças.

Tudo o que eu queria era me apaixonar de novo como criança. Daquele jeito inocente, como tantas vezes em que eu nem sabia o que fazer. Tantas vezes atendendo o telefone e decepcionando pessoas. Naquele tempo, as oportunidades eram pipocas. E eu fui perdendo todas, uma a uma, só pra aprender com os erros. A velha história do se arrepender do que não se fez. Em momentos sinceros já pude revelar minha frustração com minha própria mediocridade para as outras pessoas.

Mas o que importa é que as coisas não mudaram. Eu não estou maduro o bastante para me recusar à emoção. Eu ainda tenho uns episódios de "Anos Incríveis" e "Dawson's Creek" pra assistir. E ficar mais velho a cada segundo sinceramente não vai mudar isso.

Dica de Locadora: Message in a bottle (Uma carta de amor) - Baseado no livro de Nicholas Sparks, o filme narra o encontro de um Kevin Costner amargo, desolado pela morte da esposa, e de uma Robin Wright Penn workaholic que, exatamente como eu, só precisa se apaixonar. Ao contrário do livro, o filme nem é lá essas coisas. Mas a carta de amor desesperada jogada ao mar a esmo, levada pelas ondas até o seu destino me inspira.
Citação: "CHARLIE BROWN: Por um instante a vitória esteve em nossas mãos. LINUS: Aí então o jogo começou", personagens de Peanuts no episódio Você é um tapado, Charlie Brown.
Trilha sonora: Confesso, por Ana Carolina