quarta-feira, agosto 27, 2008

Interlúdio da Temporada

ou Os Irmãos Oscar

Poderia estar roubando, matando, estuprando, usando tóxico (com ênfase no x com som de ch), poderia estar fazendo discurso dentro do ônibus implorando pra comprarem balas. Poderia fazer malabarismo ou vendendo sufflair no sinal (pois é, aqui em BH vendem Sufflair no sinal). Poderia exercer o meu autismo e não dizer nada, poderia deixar a Avril Lavigne dominar o mundo junto com o Google, poderia estar lendo o texto de 5 reais pra aula de 6ª feira.

Poderia estar me vangloriando por ter assistido a uma palestra foda de um cara que foi orientado pelo Phillipe du Bois enquanto eu estaria satisfeito com uma mera disciplina com ele (o cara, não o du Bois... se bem que... enfim). Eu poderia estar ansioso pelo meu primeiro salário com carteira assinada na vida, que chega na sexta-feira, e poderia fazer planos de como gastá-lo em 10 minutos, ou poderia chorar porque provavelmente os gastos do cartão de crédito já gastaram a metade dele.

Eu poderia escrever agora sobre um filme que eu acabei de ver pela 5ª vez e sobre como eu e o Jack Black temos bem mais a ver do que se pode imaginar. Ou então poderia dormir e me preparar para a jornada de trabalho de amanhã e a faxina da noite aqui em casa. Poderia escrever sobre como é um saco ser parte da comissão de formatura nas épocas de balanços e cálculos. Poderia até estar assistindo os mil filmes repetidos e os 10 não-repetidos que eu baixei e estão lá esperando na pasta "meus vídeos". Poderia estar pensando num jeito de arrumar a bagunça toda que eu fiz dentro da minha mente e dentro do meu coração quando eu achei que estava tudo indo bem.

Poderia mesmo estar pensando no roteiro do meu próximo filme. Ou até mesmo estar desistindo da vida de universitário e procurando caminhos melhores ou pelo menos mais rentáveis, tipo prostituição ou defenestração. Mas defenestração nem é mais rentável né...


Poderia aproveitar o fluxo e fazer propaganda do novo blog Blackmail que eu e a Lu estamos criando para uma disciplina da faculdade ou pensando no próximo tema sobre o qual vou escrever um conto para o Anos Incríveis. Ou então lendo o Rob mesmo.

Mas não, não to fazendo nada disso. To aqui só pra implorar que vocês assistam o filme dos Irmãos Oscar no youtube. Não custa nada. Dá uma clicadinha, uma esperadinha e uma assistidinha.

*esse texto é parte da campanha: vamos salvar o mundo da Avril Lavigne.

Duvido que você vai clicar aqui.

segunda-feira, agosto 18, 2008

7.05 - Inland Empire

[ Inland Empire ]



Poderia começar com a autopiedade mas diriam que sou velho demais pra problemas e inquietações tão adolescentes. O que é isso que me vem a essa hora da manhã? Hoje decidi vir para a aula ouvindo rádio em vez de mp3. Dar uma chance ao acaso, talvez. Acaso nada. Se toca música ruim eu sempre troco de estação. Isso quando todas as estações não resolvem passar propaganda ao mesmo tempo. Horário comercial, inclusive, é uma praga. Horário comercial em rádio então. Mas nada supera o horário eleitoral. Daí aparece um Renato Russo e eu imagino que minha vida poderia ser bem pior.
Não sou desses que acha que a felicidade é relativa. Você não está mais ou menos feliz só porque tem gente melhor ou pior. Se fosse assim não teríamos fome nunca.

Eu lembro das inquietações, dos sonhos que vieram com o filme perfutbador. Lynch diria, na cara mais boa do mundo, que o que vale é a experiência e não o sentido. Eu tive a oportunidade de vê-lo bem de perto. Homem estranho, ele. A gente vive numa busca incessante de sentido pra tudo e quando nos perguntamos por que, já sabemos o motivo. Por que é que a gente vive, afinal? Só pra ir contra os constrangimentos? O tempo todo a gente os evita. Às vezes não.

Então, Lynch, tu não é o fodão? Tu não é o homem da meditação? Me responde aí por que é que eu vivo nessa, sem dinheiro praticamente o mês todo, condicionado a esse rosto e a esse corpo? Não, não to reclamando. Passei dessa fase, lembra? Não to mais em idade de sonhar. Mas me diz aí qual é o grande negócio dessa experiência? Que vida é essa?

Eu gosto é de abertura de novela. De decorar as ordens dos créditos. De estudar rock and roll. De descobrir coisa que todo mundo sempre soube desde os anos 60. Sabia que depois que o Joe Cocker tocou With a little help from my friends no Woodstock na tarde do dia 16 de agosto de 69 começou um temporal que interrompeu o show por horas? Aposto que você, David Lynch, nem desconfia disso. Ou vai ver sabia. Você parece meio doido, tem cara de quem fumava umas e ouvia um rock psicodélico nos anos 60. Qual é o seu cd favorito dos Beatles? hem?

O meu é o Help!. É estranho ter um cd favorito dos Beatles.

Dica de locadora:
Inland Empire (Império dos Sonhos) - só assistindo mesmo.
Citação: Had it been another day..., "I've just seen a face" by The Beatles
Trilha Sonora: Erreway - Sera de Dios