terça-feira, fevereiro 26, 2008

and the oscar doesn't go to...

Todas aquelas pessoas que só sabem reclamar que Hollywood é uma porcaria, que o Oscar é uma ode à mentira, que já não se faz mais bons filmes como antigamente, que Meryl Streep é deus e que Ellen Page não é ninguém. Só um aviso: Meryl Streep NEM SEMPRE foi Deus, ora bolas. Viram "Julia"?? Ela faz uma ponta das pontas, aparece 20 segundos em cena e sua performance nem é tão memorável. Só to tentando dizer: DÊEM UMA CHANCE AO CINEMA CONTEMPORÂNEO!

Eu também acho que Al Pacinos e De Niros de antigamente são melhores que Cruises e Afflecks de hoje. MAS EXISTEM Phillip Seymour Hoffmans e Forest Whitakers por aí. Nem tudo está perdido. Então, pare de reclamar. Ou então vá lá, pegue uma câmera, tenha uma idéia e FAÇA MELHOR.

Se o Oscar é um circo de horrores, NÃO ASSISTA. E depois, NÃO RECLAME.


Uma ex-stripper e ex-operadora de tele-sexo ganhou um prêmio de melhor roteiro. Quem vai me dizer que eu não posso também ganhar um Oscar?

terça-feira, fevereiro 19, 2008

6.18 - Now and Then

[ Now and Then ]




Esse post não foi planejado. Entretanto, o post anterior me permitiu uma viagem astral. Sabe quando as pessoas falam em viagem no tempo? Eu acho que é possível, real. Acabei de ter uma experiência do tipo.

No endereço que eu postei no último texto há o meu blog antigo. Eu tinha 17 anos. Parece que faz pouco tempo, afinal ainda nem completei 20. Mas pra mim são cerca de quatro eternidades, duas encarnações e vinte e seis eras geológicas. Exagero? Vá lá ler um texto pra ver... Naquela época, eu estava começando a conhecer profundamente a Nathália. Hoje, não imagino a minha vida sem ela. Naquela época, a Talita e o Horeya comentavam sempre. Hoje são lembranças no álbum de fotografia. Naquela época, todos nos reuníamos no bar da Michele pra celebrar as viagens astro-etílicas e ver o dia amanhecer tocando violão na casa do Rafaelzinho. Naquela época havia uma comunhão maior do que todas, mais inexplicável, forte e eterna. Era o coven. Mais do que apenas um grupo de estudos, era um grupo de irmãos.

Posts nostálgicos sobre o coven sempre tiveram espaço nos meus devaneios vampíricos por aqui. Mas esse é um pouco mais especial, creio eu. Não estou chorando, estou feliz, mais feliz impossível. É madrugada, eu trabalho amanhã, mas quem se importa? Hoje eu quero falar sobre o meu coven. E nem vou falar muita coisa não, porque tenho medo de que se eu colocar as lembranças todas pra fora por meio das letras, elas nunca mais voltarão.

Relendo o meu próprio blog, encontrei dois endereços. Dos tantos diários virtuais que acessávamos naquela época, parece que só dois ainda estão na ativa. E os donos que me perdôem por eu postá-los aqui, mas agora não tem mais jeito. Nesses dois blogs (Pedro e Filipe) eu vi a minha vida inteira passando diante dos meus olhos. Eu vi uma viagem especial pra Goiás, eu vi encontros 9 horas no cat, eu vi nuggets, coca-cola, filmes, segredos, surpresas, sabbats, vi encontros, desencontros, uma ou outra briga, eu vi dois caras perdidos no meio de uma confusão, vi festas... vi vinho, celebrações, fogueiras, sonhos, músicas. Vi tanta coisa...

2008 começou há uns 30 segundos, mas já estamos praticamente em março. Daqui a pouco faço 20 anos, daqui a pouco faço meu seminário de habilitação no Jornalismo. Faço estágio, ganho salário, cozinho, compro meu próprio celular e pago à vista. Todo mundo sabe disso. A festa de formatura do Filipe é nesse sábado. Ele passou por perdas, vitórias, conquistas, amores. Rodrigo acabou de se mudar pra rua de cima. Eu quase consigo ver a casa dele da minha janela. Essa semana vamos ver filmes indicados ao Oscar. Pedro esteve distante, mas nossas conversas francas no msn e nossos planos de como sobreviver num mundo solteiro estão de pé. De vez em quando ele vem aqui pra casa.

NADA é como antes. NADA MESMO. Da última vez que eu pensei nisso, Pedro, justo o caçula de nós quatro, o engraçado, o sem-noção, me falou uma simples frase que eu nunca mais vou esquecer. Ele disse que eu era o único que tava sofrendo por não ter mais o nosso grupo. Porque "todos mudaram, menos você, Otávio. Você continua...". Eu acho que agora, meses depois da nossa conversa, você já viu que eu mudei, né, Pedro. Também resolvi andar olhando pra frente e acho até que estou indo bem... Nada é como antes. Filipe e Rodrigo nem se falam mais. Falta assunto. Filipe e Pedro ainda são primos. Mas a cumplicidade não é mais a mesma. Rodrigo e Pedro se encontram vez ou outra e falam sobre nada. Mas o mais estranho de tudo isso é que os três ainda são meus amigos. Os melhores. Não os únicos melhores, como foram um dia. Mas não menos especiais.

Estou assistindo "Queridos amigos". Me deu uma vontade de reencontrar todo mundo. Uma nostalgia boa que faz ventar no coração. E todo mundo está voltando aos poucos, depois da reinauguração do bar da Michele. Ainda bem que ainda tenho o número de todo mundo na agenda.

Sabe no final de alguns filmes, em que vemos uma narração em off sobre o futuro dos personagens? É como eu sinto que está esse post. Mas não é final nenhum não. É o início. Quem sabe o reinício.

(é claro que não é o reinício da mesma história. uma história não tem dois inícios. mas nem sempre precisa ter um fim)




E foi naquele 28 de setembro de 2004...


Dica de locadora: Now and then (Agora e sempre) - Quatro amigas se reencontram depois de 25 anos para relembrar a doce e amarga passagem de cada uma delas para a adolescência, durante os anos 70. No presente, cada uma tem uma vida feita, mas ainda carrega consigo um pouco das outras três. Nada mais bonito do que o pôster, onde cada uma delas abraça sua versão de 12 anos.
Citação: eu tenho um doce, por Pedro.
Trilha sonora: Angra dos Reis, de Legião Urbana
Olha como é que as coisas são na vida da gente...

Consta no meu registro que eu já fiz 52% do curso. Consta lá que eu faço a habilitação número 1, que é jornalismo, com formação complementar livre.

Quem diria?

teatrodevampiros.weblogger.terra.com.br

aí estão os meus últimos posts da quarta temporada, quando eu ainda escrevia no weblogger. e é aí que está o relato escrito dos meus primeiros momentos na ufmg...

Nathália, apareça por lá depois e releia tudo aquilo. Sinta-se feliz (não só pelo fato de que sua qualidade textual é infinitamente superior à minha!!). E não deixe que esse seu início se perca no vento ou no tempo.

segunda-feira, fevereiro 11, 2008

6.17 - Jerry MaGuire

[ Jerry Maguire ]



ou Amores e traumas de infância

A copa do mundo de 1994 foi um marco na história. Tanto na história do futebol brasileiro e mundial quanto na minha própria história e de todos os outros garotos da minha "geração". Não foi, digamos, a minha "primeira" copa, mas é a primeira da qual eu me lembro. Os postes da rua onde eu morava com minha família na época se cobriram de verde e amarelo, por iniciativa das mulheres da vizinhança, em que se incluía a minha mãe. Tudo aquilo era novo e bonito demais pra mim, assim como o fascínio que me causava assistir a um jogo.

Nessa época, eu já torcia para o Cruzeiro, por influência do meu irmão, e já dominava os campos de futebol de botão. Foi nesses campos que aprendi a maioria das regras do esporte, e foi em volta deles também, que tive minha primeiras brigas com o meu irmão. Apesar de ser cruzeirense, tinha uma preferência por jogar com o time do flamengo ou o do vasco (porque o Cruzeiro era sempre do meu irmão mais velho). Mais emocionante do que aquele jogo de regras inventadas era todo o ritual que se desenrolava paralelamente. Toda a preparação, o time entrando em campo, os jogadores se aquecendo, a gente realmente fazia daquilo um teatro.

E em 1994 tudo era um pouco mais mágico. Não dá pra imaginar uma vida mais fácil do que quando se tem 6 anos. Naquela copa do mundo eu sabia toda a escalação da seleção brasileira, que incluía pela primeira vez o Ronaldo no alto dos seus 17 anos. Sabia tudo, do Taffarel ao Amarelinho (alguém aí lembra daquele bichinho redondo que aparecia durante as transmissões narradas por Sílvio Luís?). Nos meus cadernos do pré-escolar, as casinhas, árvores e sóis deram lugar a campos de futebol, onde o Brasil vencia a seleção de Camarões, em jogadas estratégicas indicadas passo a passo pelo lápis de cor. O Brasil venceu a copa. Pra mim, foi a primeira vez. É como se o Brasil sempre tivesse vencido.

Os anos passaram devagar. Ainda tive muito tempo pra jogo de botão - adquiri novos times e novas habilidades, que me trouxeram novas medalhas. Eu era um dos melhores da rua, perdendo só pro meu irmão e vez ou outra pra um dos amigos dele, que eram os "caras maiores". Nesse processo, mudei de cidade e de vida. Na escola, não gostava muito de jogar. Os segundos mais terríveis para um garoto são os momentos da escolha do time. E eu nem podia evitar ser um dos últimos a ser escolhido, porque eu não gostava mesmo de jogar. Mas na rua... Na rua em que eu morava eram mais de vinte crianças. E durante os quatro anos em que eu fui saindo da infância até chegar à pré-adolescência, o Futebol fazia parte do meu dia-a-dia. Aos poucos fui percebendo que eu não era lá muito bom com a bola nos pés, mas isso não me impediu de continuar vivendo o futebol a cada dia. Eram sessões de Fifa Soccer (eu e meu irmão sempre escolhíamos as maiores ligas - européias, é claro - e jogávamos por dias a fio), onde o meu Paris St. Germain brilhava, ou meu Werder Bremen era sempre coroado no final. Depois que eu "pendurei as chuteiras", veio meu período de "técnico" do time da rua, nos jogos contra os garotos da rua de cima. Também fui presidente do campinho que construímos num lote vago.E enquanto isso, no colégio, insistiam que eu ainda devia jogar. Era uma lástima. Nos dias em que jogávamos futebol, era sempre uma dor fingida, um médico marcado, uma desculpa qualquer. Só era menos pior nos dias em que jogávamos vôlei ou coisa do tipo. Até hoje eu não sei por que era tão diferente o meu desempenho e comportamento em relação ao futebol na minha rua e na minha escola...

Mas enfim, mudei de novo de cidade. Na escola nova, era futebol 360 dias por ano. Não tinha mais o meu campinho de serragem, nem o meu Fifa Soccer, nem o time da rua de cima pra desafiar. Só os egos dos garotos da minha sala. Abandonei de vez os campos e rompi relações com o futebol. Teria rompido também com o esporte se não fosse o time de voleibol, que me rendeu alguns jogos interessantes e algumas medalhas no currículo. Nessa época, o tempo começou a passar mais rápido e mais rápido eu me distanciei do futebol. O máximo que fazia era torcer pelo Brasil na copa de 2002, ao lado da minha nova turma, ou ao lado dos amigos da minha irmã. Mas não tinha mais o mesmo encanto dos enfeites pendurados no poste... "Brasil é penta... e daí?".
Pelos próximos anos, minha relação com o futebol só foi desaparecendo. E nessa época, também com qualquer outro esporte. Meu lugar era na frente de um computador ou vendo um filme, como todo bom nerd. E assim, perdi todas as outras edições do Fifa Soccer, nem ligava mais pra esses jogos. Preferia mil vezes zerar Tomb Raider do que uma partida de Winning Eleven.

Até 2006.

Foi quando o Barcelona venceu o Arsenal na final da Liga dos Campeões daquele ano. Os times eu já conhecia, pela escalação das edições anteriores do Fifa Soccer, pela passagem dos craques brasileiros por cada um deles, e pelas suas cores. Mas um jogo daqueles eu ainda não tinha visto. E daí por diante, vez ou outra, eu fui me interessando de novo (normal, época de copa), pelo futebol. Principalmente o futebol europeu. Essencialmente o futebol inglês. Não via sempre os jogos, mas acompanhava as notícias. Vi o Liverpool chegando até a final da temporada seguinte.

Da Liga dos Campeões passei para o Campeonato Inglês. Assumia o espírito de rivalidade presente nas torcidas inglesas por alguns minutos por rodada. Eram surtos que eu escondia das pessoas, até porque eu deveria ter continuado a ser o nerd que odeia futebol. Mas não dá pra odiar um jogo do Arsenal ou até mesmo do Chelsea. E simplesmente não dá pra ignorar o que fazem Cristiano Ronaldo, Rooney, Tevez. É mais do que eu posso compreender. É reatar um namoro de infância...

E ainda dizem que isso não tem nada a ver comigo.

Dica de locadora: Jerry Maguire (Jerry Maguire - A grande virada) - Tom Cruise é um agente esportivo que vê sua vida virar de cabeça pra baixo e é obrigado a empresariar um cara que não é muito bom no que faz, mas acha o oposto. Descubra o que é que esse filme tem a ver com o post.
Citação: Gosto a gente adquire novos, por Pedro.
Trilha Sonora: Fields of gold, by Sting

quarta-feira, fevereiro 06, 2008

6.16 - Seven Minutes in Heaven

[ Seven minutes in heaven ]

ou: porque garotas como a Jennifer Connelly nunca vão ficar com garotos como eu



being in love is more than seven minutes in heaven...

Você por acaso já sentiu alguma vez o sentimento de não pertencer? Não, não to triste outra vez com a montanha-russa da vida. To é feliz e ensolarado, ao contrário do céu. Apenas parei pra pensar. Você sempre procurou um mundo diferente, porque achava que o mundo comum era comum demais pra alguém como você. Você abdicou de valores infantis quando escolheu não ir àquelas festas, por achar que era superior a isso. O resultado: você perdeu tempo não entendendo os filmes russos enquanto todos os outros tiveram uma adolescência cheia de erros e álcool.

Daí agora, um tempinho depois, você não consegue caber no mundo que escolheu. E se tivesse sido diferente o tempo todo? Bom, isso são coisas que só passam pela nossa cabeça de vez em quando. Na maioria das vezes eu estou satisfeito com as amizades que eu escolhi. E se eu penso nisso de vez em quando não é por culpa desses amigos e nem por minha. É só aquele sentimento de "e se...".

Muito provavelmente, esse post será mal interpretado. Mas acho que as pessoas não entendem mesmo o mundo em que eu vivo. É um mundo desigual, onde alguns quase-iguais não podem respirar direito. Mas eu sou uma exceção, eu acho. Eu acho que sou exceção de tudo que é regra desse mundo.

Mas tudo fica tão bem quando você olha pra cima e vê que as gotinhas de chuva fina fazem um desenho no céu escuro como se estivessem desviando da sua cabeça... Tudo fica bem quando você encontra aquele filme FODA que você assistiu no Intercine há uns 5 anos e nunca mais viu na vida por um preço baratinho. Tudo fica bem quando você chega no final do filme sorrindo e chorando ao mesmo tempo. São sete minutos no paraíso...

Dica de locadora: Seven minutes in heaven (Sete minutos no paraíso) - O nome do filme é uma referência a uma brincadeira americana mais ou menos equivalente ao nosso "verdade ou conseqüência", mas a conseqüência é sempre a mesma: passar sete minutos com alguma pessoa da roda dentro de um armário, ou quarto fechado, ou coisa que o valha. O engraçado é que ninguém brinca disso no filme. Os sete minutos no paraíso são aqueles momentos de profunda dor, angústia e paixão que nos aparecem vez ou outra quando temos quinze anos. Vai ser difícil encontrar ele nas locadoras... mas eu tenho, qualquer coisa eu empresto. ;) Aaah, Jennifer Connelly... *suspira.
Citação: "dear you, love me", letra da música tema do filme, tocada diversas vezes com diversos arranjos.
Trilha sonora: um tema feliz tocado em saxofone, teclados e baterias eletrônicas.