quinta-feira, setembro 13, 2007

6.11 - Scent of a Woman

[ Scent of a Woman ]

Deu saudade, sabe? Tava ouvindo aquelas músicas de 80 e poucos no computador depois de fazer meu trabalho todo. Já era uma e tantas da manhã, aula no outro dia cedinho, e eu lá. Comecei a viajar naqueles negocinhos do Windows Media Player, sabe? Aí tocou ela: a música que sempre chama a minha atenção.

“Longe de casa há mais de uma semana...”

Eu lembrei da minha mãe, da minha família toda, da minha infância tão legal e tão simples. Como era fácil aquela vida. Quanto será que custa uma passagem para uma viagem ao passado? Eu quero mais do que a memória.

“será que ela está me esperando?”

Eu abri a janela pra sentir na cara o tempo louco de BH. Calor de tarde, frio de noite. E o cheiro da chuva se comprova a cada momento como o meu cheiro preferido. Sabe, quando você sente o cheiro e sente que vai chover? Mas talvez só amanhã? E ventou demais. Janela aberta, eu quase indo dormir. A força que me fez ficar viajando no Media Player mesmo com o sono chamando me levou a ficar um tempão olhando pra avenida vazia na frente do prédio, pro bairro que se estende até as alturas dessa região de Belo Horizonte.

“Estou a dois passos do paraíso”

Estou a dois passos do paraíso, foi o que eu pensei. Ta quase tudo quase certo. E eu só tenho 19 anos. Cheiro da chuva, cheiro de sono, e a prova que eu fui bem... Vão vir outras, e responsabilidades, e medos... Vai vir mais trabalho, e mais problema, e eu quero mesmo é enfrentar todos eles.

Sabe? Eu tenho um computador novo. Pra mim, que sou irmão caçula, ganhar coisa nova, tirada da caixa, é o paraíso. Não que eu não tenha ganhado coisas na vida. Aliás, fui, de todos os meus irmãos, o que mais viajou, que mais teve oportunidade de conhecer, de estudar, de estar lá... Mas coisa nova mesmo eu só fui ver depois que mudei pra BH. Depois que comprei meu próprio celular, depois que vou na loja comprar minhas próprias camisas. Sabe a saudade que dá do abraço dos seus pais?

“Nem sei por que é que eu fui dizer bye, bye...”

Eu acho que eu quero ela. Talvez seja o que eu precise no momento. E quem sou eu pra ver o futuro, né? Só sei que nesse momento, o presente que eu quero é ela, com um laço ou sem laços. Numa embalagem qualquer. O que vale é o cartãozinho. E a outra? Bom, a outra sempre vai ser. Sempre vai estar, permanecer, continuar, sempre to be. Acho tudo isso muito egoísta, né? Enfim...

“Bye, bye! Baby, bye, bye...”

Eu vou escrever uma história sobre crianças. Sobre rito de passagem. Sobre garotos de 10 anos e seus amores. Talvez seja autobiográfica. É, será mesmo. Será meu projeto de vida. Recontar minha vida. Narrador clássico, narrador jornalista... Eu acho que eu to começando a ser alguém na vida, viu?

Ô, cheiro de chuva... cheiro de sono... cheiro de mãe... cheiro de melzinho em cartela... cheiro de chocolate... de paçoca... de cantina da escola... de recreio... do apartamento vazio no andar de cima... da infância... Cheiro de saudade, de expectativa, cheiro de não ser mais criança.

Cheiro de epifania.


Dica de locadora: Scent of a woman (Perfume de mulher) - indescritível drama estrelado por Al Pacino e Chris O'Donnell. Foi de lá que você tirou a música Por una Cabeza, aquele tango que você conhece.
Citação: "Nós temos apenas que nos perdoarmos por crescermos" (Kevin Arnold, Wonder Years)
Trilha Sonora: A dois passos do paraíso, by Blitz

sábado, setembro 08, 2007

Eu vivo numa procura incessante em busca da história ideal para se escrever. Já criei personagens loucos demais, normais demais, novos demais, experientes demais. Personagens sonhadores, personagens insatisfeitos, personagens amantes, personagens vagabundos. Vivo procurando o diálogo perfeito. E quase todos os meus personagens têm uma coisa em comum: eles não tem final.
Mas eu to lá... vivo escrevendo.

Quer saber? Cansei de escrever. To querendo é viver.

Em breve aqui o post que era pra reinaugurar esse blog. Isso aí foi só desabafo.

*ouvindo: Cry for help, by Rick Astley.