segunda-feira, agosto 18, 2008

7.05 - Inland Empire

[ Inland Empire ]



Poderia começar com a autopiedade mas diriam que sou velho demais pra problemas e inquietações tão adolescentes. O que é isso que me vem a essa hora da manhã? Hoje decidi vir para a aula ouvindo rádio em vez de mp3. Dar uma chance ao acaso, talvez. Acaso nada. Se toca música ruim eu sempre troco de estação. Isso quando todas as estações não resolvem passar propaganda ao mesmo tempo. Horário comercial, inclusive, é uma praga. Horário comercial em rádio então. Mas nada supera o horário eleitoral. Daí aparece um Renato Russo e eu imagino que minha vida poderia ser bem pior.
Não sou desses que acha que a felicidade é relativa. Você não está mais ou menos feliz só porque tem gente melhor ou pior. Se fosse assim não teríamos fome nunca.

Eu lembro das inquietações, dos sonhos que vieram com o filme perfutbador. Lynch diria, na cara mais boa do mundo, que o que vale é a experiência e não o sentido. Eu tive a oportunidade de vê-lo bem de perto. Homem estranho, ele. A gente vive numa busca incessante de sentido pra tudo e quando nos perguntamos por que, já sabemos o motivo. Por que é que a gente vive, afinal? Só pra ir contra os constrangimentos? O tempo todo a gente os evita. Às vezes não.

Então, Lynch, tu não é o fodão? Tu não é o homem da meditação? Me responde aí por que é que eu vivo nessa, sem dinheiro praticamente o mês todo, condicionado a esse rosto e a esse corpo? Não, não to reclamando. Passei dessa fase, lembra? Não to mais em idade de sonhar. Mas me diz aí qual é o grande negócio dessa experiência? Que vida é essa?

Eu gosto é de abertura de novela. De decorar as ordens dos créditos. De estudar rock and roll. De descobrir coisa que todo mundo sempre soube desde os anos 60. Sabia que depois que o Joe Cocker tocou With a little help from my friends no Woodstock na tarde do dia 16 de agosto de 69 começou um temporal que interrompeu o show por horas? Aposto que você, David Lynch, nem desconfia disso. Ou vai ver sabia. Você parece meio doido, tem cara de quem fumava umas e ouvia um rock psicodélico nos anos 60. Qual é o seu cd favorito dos Beatles? hem?

O meu é o Help!. É estranho ter um cd favorito dos Beatles.

Dica de locadora:
Inland Empire (Império dos Sonhos) - só assistindo mesmo.
Citação: Had it been another day..., "I've just seen a face" by The Beatles
Trilha Sonora: Erreway - Sera de Dios

7 comentários:

Ruleandson do Carmo disse...

Outro dia, sentado no chão da minha cozinha, enquanto eu fritava batatas, um amigão meu disse "a verdade é que a vida é uma grande merda, cara e nós só temos alguns poucos momentos bons, a gente tenta se enganar, mas é uma merda a vida". Fiquei pensando e tô pensando até hoje, não sei o que é mais triste, ele pensar assim ou eu me culpar por não concordar.

Anônimo disse...

acho que a vida cabe ao instante. E pra que avaliar os anos? Os meses, os dias..anos então tõ fora. O emlhor é se prender ao agora. Se ele for ruim, vai passar rápido, se for bom vai ser um pico de incesssante felicidade. Olha felicidade é coisa volúvel e perspicaz ou vc percebe ela ou perde. O que vale são os instantes.

sblogonoff café disse...

De volta à Charlie Brown`s life, só que agora de uma maneira mais incisiva, confrontante e não apenas "Que puxa!".
Otávio, antes de tudo, quem faz sentido é soldado!
Depois de tudo, vem as pontuações.

E cara, você é um universitário. Tá na onda, irmão! Depois piora, mas mesmo assim é muito bom.
Sempre tem Renato Russo, sempre tem um violão.
Falando nisso, coloca roldana naquele que tá no meu quarto e leva pra você.
É sempre bom poder tocar um instrumento! (Ouça Tigresa de Caetano!)

sblogonoff café disse...

De volta à Charlie Brown`s life, só que agora de uma maneira mais incisiva, confrontante e não apenas "Que puxa!".
Otávio, antes de tudo, quem faz sentido é soldado!
Depois de tudo, vem as pontuações.

E cara, você é um universitário. Tá na onda, irmão! Depois piora, mas mesmo assim é muito bom.
Sempre tem Renato Russo, sempre tem um violão.
Falando nisso, coloca roldana naquele que tá no meu quarto e leva pra você.
É sempre bom poder tocar um instrumento! (Ouça Tigresa de Caetano!)

Otavio Cohen disse...

mas o clima desse post nem é mto de autopiedade e charlie brown's life. foi um pouco baseado no david lynch e de como nem sempre as coisas precisam fazer sentido. e não fazem mesmo, se for parar pra pensar. a gente se acostuma com as coisas do jeito que são e nem parar pra pensar que convenção é diferente de sentido.

Kel Sodre disse...

Ah... primeiro achei que na falta de algo consistente pra comentar, melhor ficar calada. Mas depois achei que a dúvida também pode acrescentar alguma coisa. Não pode?
Nem sei o que pensar sobre essas coisas de fazer sentido e con venções e vida e tudo. Mas nos últimos meses me aconteceu uma coisa que acho bem emblemática. Primeiro teve o fato. Depois teve o relutar contra o fato. uma guerra intensa, me degladiei diariamente contra ele. Aí me cansei. Mesmo sem entender, nem concluir nada, nem chegar aonde eu queria, aceitei. E estou muito bem. E não vejo nada de errado nisso.
Não acho que a vida é uma merda, e acho que a felicidade é uma postura nossa. Pode parecer piegas e talvez dê um pouco a idéia errada. Não é que a gente delibera sobre ser ou não feliz conscientemente (tem gente até que sim). Mas dá pra ver que uma conformação mental muda tudo. O pulo do gato é saber quando é hora de mudar a configuração do olhar. Não que eu saiba fazer isso sempre, mas às vezes acontece.

sblogonoff café disse...

Acho que já é tempo de atualizar isso aqui, héim?!