sábado, junho 02, 2007

6.09 - The Unbearable Lightness of Being

[ The Unbearable Lightness of Being ]

De vez em quando a gente para pra ver o tanto que a lua está bonita. Principalmente essa semana, de lua cheia, de lua azul, de lua mais iluminada que o normal. Era como se fosse um holofote. Como se emitisse mesmo toda aquela claridade. Aí no dia seguinte o entardecer veio amarelo, tingindo tudo o que era possível por entre as frestas da janela. Sabe aquele amarelo de paisagem de outono? Era ele. Talvez mais bonito porque era real e transpunha o plano das fotografias. Cinco horas depois o céu tinha mais estrelas que o comum para o início de junho. Até o frio resolveu tirar o dia de folga, deixando só o seu rastro fresco, pra construir uma noite bonita.
E a gente vive nesse mundo pensando na vida. Acho que a gente pensa demais no sentido de tudo e deixa passar tardes demais. Pra alguns, a leveza da vida é insustentável, mas não é nela que todo mundo quer chegar? É um paradoxo...
Essa semana o psicanalista me abriu os olhos e me fez querer estudar Freud e Foucault. Só pra depois voltar e ver como Nietzsche estava certo.
No filme, a mocinha era o contraponto do médico, o tal sujeito da existência leve. De certa maneira, era ela que insustentava a situação. A vida dela era mais do que um contorno imutável que não se pode colorir. A vida dela era cheia de questionamento, porque ela amava. Aí que confirmei minhas hipóteses de que, para quem não se preocupa em saber quando, como, onde e por que, é bem mais fácil amar (e viver). Porque pra esses, amar é físico, um ato narcisista. É tão incomum que chega a ser ousadia esse amor ser chamado amor.
Mas no final a gente vê que a vida pode ser leve sim. E sustentável. Mas que sorte a de quem consegue encontrar quem amar! Mas que sorte a de quem não deixa passar uma tarde de outono! MAs que sorte a de quem sabe o que é uma lua azul e para pra olhar pra ela! Com ou sem Platão e o seu amor.

Dica de locadora: The unbearable lightness of being (A insustentável leveza do ser) - baseado no livro de Milan Kundera, o filme é gigante, mas traz como protagonistas três dos mais complexos personagens, mesmo que pareçam estereótipos no primeiro momento. O filme abusa dos espelhos, sombras, projeções e reflexos, só pra dizer que até que é possível sustentar a leveza...
Citação: "Hello, stranger" (Natalie Portman, Jane Jones em Closer)
Trilha Sonora: Felicidade Urgente, by Claudio Zolli

2 comentários:

Anônimo disse...

Eu tenho a sorte de saber o que a Lua Azul. E talvez a sorte de perceber que o amor é algo tão, mas tão imprevisível que pode estar no nosso lado, na nossa sala de aula, ou na nossa rua...

Nas últimas noites é quase imposspivel eu não parar para ver a lua, as estrelas, o céu negro... São tão raras as noites mágicas onde somos chamados a contemplar o céu pelos simples desejo de nos sentir parte dele, mesmo que institivamente. O amanhecer não tenho visto, mas cada pôr-do-sol na janela da minha sala no trabalho tem sido um instante indescritível.
Sempre amei o vento. E sentí-lo, gelado, tentando atravessar o corpo e se misturar à alma, contaminando-a com sua liberdade, é fascinante. O frio, que nos faz sentir mais intimistas, solitário, reclusos, nos mostra o quanto precisamos de tempo para nós mesmos.

A vida é leve. Leve e sustentável. Porém, incontrolável.
E para mim o caminho de seguir sem se sentir engatinhando ou carregando fardos é ser livre como o vento, intimista como o frio, descansar e renascer como o sol e atrair a todos como a lua. E, é claro, ser tão raro no mundo quanto uma Lua Azul.

Abraços!

Michelle Rocha disse...

Paquito (adorei) achei seu blog... E, menino, como você escreve bem! Vou fuçar um pouco mais por aqui, tá? Bjim